‘Filho’ da reta final de 2009, lateral completa 100 jogos no Tricolor com regularidade impressionante e ida para a Seleção: ‘Dei a volta por cima’Vaias, atuações abaixo da média, problemas extracampo e desconfiança. O caminho de Mariano até o sucesso no Fluminense não foi nada fácil. Hoje unanimidade com a camisa 2 do Tricolor das Laranjeiras, o lateral-direito já sofreu muito até chegar ao ápice da Seleção Brasileira. Pulou de um lado para o outro, errou, assumiu o erro, encarou as dificuldades e pegou carona no vácuo de uma arrancada histórica que evitou o rebaixamento do clube carioca em 2009. Sua arrancada pessoal, no entanto, parece não ter fim e, em alta velocidade, como de costume, terá um capítulo especial nesta quinta-feira, quando, diante do Grêmio, às 21h (de Brasília), no Engenhão, pela 32ª rodada do Brasileirão, ele completa 100 jogos pela equipe que o fez trocar os tropeços pelo status de intocável.

E o intocável não é exagero. O sempre comedido nos elogios Muricy Ramalho já falou por uma, duas, três vezes que não tem substituto a altura de Mariano no elenco tricolor. Thiaguinho e Marquinhos já tentaram a sorte na missão. Não deu muito certo. Não à toa o Flu sem ele ainda não venceu no Brasileirão (duas derrotas e dois empates) e parece ficar órfão em suas ações ofensivas.
- Tiveram jogos em que estive em campo e também não vencemos - disse o jogador em discurso humilde.
Sempre comedido com as palavras, Mariano, por outro lado, não fez questão de esconder a importância da marca que completa diante do Grêmio. Ao lado do painel em homenagem aos 100 maiores jogadores do primeiro centenário do Flu (1902-2002), nas Laranjeiras, um filme passa pela sua cabeça. A inspiração no eterno capitão do tri, Carlos Alberto Torres, e a certeza de que pode também entrar para a história caso conquiste o Nacional se misturam com as lembranças de cobranças e vaias ao ser contratado, no início de 2009. Neste período, pensou até mesmo em chutar o balde, seguir outro rumos, mas permaneceu. E nessa mistura de sentimentos ele fica com uma certeza, a da volta por cima.
- Pelo início, não esperava completar nem o meu contrato, que na época era de um ano. Por tudo que vinha acontecendo, eu sem jogar e quando jogava sem ir bem, pensei realmente em ir embora. Vivi os dois lados da moeda neste período. Graças a Deus estou aqui hoje e bastante feliz.
As recordações ruins em momento algum vêm acompanhadas qualquer tipo de mágoa ou sensação de injustiça. Muito pelo contrário. Aos 24 anos, Mariano encara os problemas frente e admitiu que não desempenhava bom papel em campo neste período. Postura que adotou também ao falar do momento mais delicado da curta carreira, quando foi dispensado pelo Atlético-MG por ir para a balada antes de um jogo contra o Palmeiras pelo Brasileirão de 2008. Ele ignorou as justificativas e ficou com a lição. Lição de que deveria mudar para, enfim, dar certo no futebol.
- Foi um erro na minha vida. Todo mundo erra. Naquele momento, eu errei. Não fiz as coisas no momento certo. Infelizmente aconteceu isso comigo. Mas procuro pensar no futuro. O que passou, é passado. Bola para frente. Reconheço o erro, mas é importante erguer a cabeça e correr para frente.
Pernambucano de nascimento, paulista de criação e mineiro no início no futebol (passou também por Cruzeiro e Ipatinga), Mariano seguiu seu caminho e chegou ao Rio de Janeiro. Mais precisamente às Laranjeiras, onde tem sido feliz e, por contrato, deve ficar até o fim de 2013.
Em bate-papo sem censura, o lateral-direito falou sobre os altos e baixos da carreira, a mudança de postura fora de campo, a Seleção Brasileira e a volta por cima que deu nos quase dois anos com a camisa do Flu.
